Pára, depára-te. Fábrica do Braço de Prata, Lisboa.
Exposição Colectiva da air_Chapim com | Collective exhibition from air_Chapim with:
Catarina Rodrigues , João Massano , João Motta Guedes , Madalena Anjos , MOM.
Texto curatorial:
A contemporaneidade é um “lugar” complexo, um fluxo sem limites e cada vez mais sem barreiras, no entanto a avassaladora velocidade que o mundo nos exige, tem como breve contrapartida uma perspectiva muito estreita que pouco adentra em questões do foro social, cada vez mais prementes neste tecido, nesta rede humana que hoje conseguimos estabelecer de forma tão simples e acessível. Mas essa mesma acessibilidade e o dever de nos deparar-nos com certas realidades, é o ponto de contacto essencial entre os artistas patentes nesta exposição e dá, por direito próprio o seu despretensioso mas assertivo contributo para estas reflexões.
No entanto, não seria justo neste texto introdutório (ou em qualquer outro desta natureza) deixar de referir a particular contemporaneidade que atravessamos. Hoje, as fronteiras que julgamos estarem dissipadas são colocadas em causa sem aviso nem sentido, e sem compreendermos as forças que aqui operam olhamos em torno e percebemos forçosamente que a incerteza e a adaptabilidade são cada vez mais factuais, e é aqui por estas intrigas e questionamento que esta colectiva aqui se reune e daqui parte.
Em “Pára, Depára-te” somos convidados a entrar nesta circunspecta realidade, tecida de acolhedor diálogo e profunda reflexão que, sob a tutela da Pousio Air e em parceria com a Fábrica do Braço de Prata nos chega de forma tão abrupta. Mas esta sua natureza disruptiva acaba por ser oferecida ao visitante de forma dissimulada pelas mãos e sensibilidades de Catarina Rodrigues, João Motta Guedes, João Massano, Madalena Anjos, e MOM, os artistas que deram “matéria” às residências artísticas da Pousio na Tapada da Tojeira durante duas semanas.
Esta mostra não é um manifesto, mas podia ser, não é uma serena reivindicação por tempo mas antes (e arriscamos) um apelo, uma chamada ao mundo que existe despretensiosa e livremente debaixo deste nosso mundo, uma origem, talvez.
E assim, estas residencias foram fruto de um longo e determinado processo de retorno, retorno à terra, ao canto dos pássaros, ao incansável trabalho fabril e à riqueza natural que em tanto motiva todos estes fluxos migratórios, sejam eles intencionais ou não.
A Pousio Air e a Fábrica do Braço de Prata convidam o visitante a um pequeno e directo gesto, aquele de abrandar.
Pedro Inock